Vol. 32, Nº 2, 2010
Para Além da Paz Liberal? Respostas ao “Retrocesso”
Este artigo examina uma gama de questões inerentes ao paradigma de construção da paz liberal (liberal peacebuilding), algumas causas de “retrocesso” (“backsliding”) e o que pode ser feito no que tange a tais causas, no sentido de utilizar a construção da paz (peacebuilding) para criar um novo contrato social e atingir o que se poderia muito bem ser uma forma “híbrida liberal-local” de paz. Oliver P. Richmond
Resumo
Para Além da Paz Liberal? Respostas ao “Retrocesso”
A ortodoxia familiar de construção da paz liberal depende da transplantação e da exportação de condicionalidade e dependência, com vistas a consolidar um contrato social entre populações, seus governos e o Estado, em que repouse uma paz liberal legítima e consensual. O que, com frequência, ocorre, é uma forma híbrida de paz liberal, sujeita a críticas locais poderosas, à resistência, por vezes, e à percepção de que a construção da paz internacional está fracassando em corresponder às expectativas. Em termos kantianos, os problemas com que a paz liberaltem se deparado e a crise pela qual está hoje passando podem ser denominados “retrocesso”. Tem sido particularmente notável que a construção da paz liberal não vem sendo capaz de construir políticas unidas a partir de fragmentos territoriais no Kosovo, na Bósnia, no Afeganistão, no Iraque, no Sri Lanka e mesmo na Irlanda do Norte, onde alguns ou todos de seus elementos estão em desenvolvimento.Isso indica uma necessidade ou de reforma do modelo liberal para a paz,ou de estabelecimento de uma capacidade de coexistência desse modelo com alternativas, ou de substituição do modelo. Este artigo examina uma gama de questões inerentes ao paradigma de construção da paz liberal, algumas causas de “retrocesso” e o que pode ser feito no que tange a tais causas, no sentido de utilizar a construção da paz para criar um novo contrato social e atingir o que se poderia muito bem ser uma forma “híbrida liberal-local” de paz.
Palavras-chave: Construção da Paz Liberal – Construção do Estado – Retrocesso
– Contrato Social
Abstract
Beyond Liberal Peace? Responses to “Backsliding”
The familiar orthodoxy of liberal peacebuilding depends upon transplanting and
exporting conditionality and dependency in order to cement a social contract
between populations, their governments and the state, on which rests a legitimate and consensual liberal peace. What often emerges is a hybrid form of the liberal peace, subject to powerful local critiques, sometimes resistance, and to the perception that international peacebuilding is failing to live up to expectations. In Kantian terms, the problems that the liberal peace has faced, and the crisis that it is now in, can be termed “backsliding”. It has been particularly notable that liberal peacebuilding has not been able to build united polities from territorial fragments in Kosovo, Bosnia, Afghanistan, Iraq, Sri Lanka, and even in Northern Ireland, where some or all if its elements are in development. This indicates a need for a reform of the liberal model for peace, or to establish a capacity for it to
coexist with other alternatives, or to replace it. This article examines a range of issues inherent in the liberal peacebuilding paradigm, some causes of backsliding,and what might be done about them in terms of using peacebuilding to create a new social contract and to arrive at may well be a “liberal–local hybrid” form of peace.
Keywords: Liberal Peacebuilding – Statebuilding – Backsliding – Social Contract
Para Além da Paz Liberal? Respostas ao “Retrocesso”